Conheça a eureciclo, a empresa especialista em rastreamento da cadeia de reciclagem que transformou a gestão de embalagens pós-consumo

Grão Venture Capital, 10 de agosto de 2021
Grão

Juliana Soares

A eureciclo apoia as empresas de bens de consumo a atingirem suas metas de logística reversa de embalagens. De acordo com a legislação brasileira, elas devem comprovar a destinação correta de 22% do material que foi colocado no mercado por meio de certificados de reciclagem. A aposta da eureciclo é na compensação ambiental, que é feita pela remuneração dos agentes ambientais envolvidos no processo (catadores, cooperativas de reciclagem, sucateiros, entre outros). 

A vontade de trabalhar com sustentabilidade fez com que Thiago Carvalho Pinto, fundador da eureciclo, sempre estivesse atento às possibilidades de negócio ligadas a questões ambientais. A ideia da empresa surgiu em 2015, quando ele estava fazendo um MBA na Kellogg School of Management, Northwestern University, em Chicago, EUA. Foi com os recursos e o apoio estrutural da universidade que o negócio foi idealizado. “Usei o curso como uma plataforma de lançamento da startup”, diz ele. 

Thiago conta que sempre quis ter uma jornada profissional de impacto que unisse o tripé financeiro, social e ambiental, e acumulou algumas experiências que fortaleceram esse desejo. Quando ainda era estudante de engenharia na USP, fez parte do grupo que idealizou o sistema de compartilhamento de bicicletas da universidade. Mais tarde, trabalhou em uma empresa de consultoria estratégica, onde teve a oportunidade de desenvolver o viés social em diversos projetos. Mas foi no MBA que veio a vontade de empreender. 

O MVP (Minimum Viable Product) da eureciclo foi feito ainda em Chicago. Quando retornou ao Brasil, Thiago conta que o mercado ainda não estava maduro para esse tipo de negócio. Inicialmente, os clientes da empresa eram marcas explicitamente preocupadas com o impacto ambiental e ligadas ao consumo consciente. Foi só em 2018,  quando a fiscalização para o cumprimento da PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos nº 12.305/2010) se intensificou , que a empresa deslanchou. Desde então, Thiago explica que todos os fabricantes de bens de consumo que tenham embalagens, de qualquer tamanho ou setor, precisam fazer a comprovação da destinação de pelo menos 22% do material que colocam no mercado.

A solução oferecida pela eureciclo é por uma plataforma tecnológica de rastreamento de dados da cadeia de reciclagem.  Os resíduos recicláveis são  acompanhados do momento em que saem das casas das pessoas até chegar à etapa final do processo. Ele conta que a empresa já mapeou quase um terço de todos os resíduos sólidos do Brasil. “É com essa rastreabilidade que conseguimos emitir um certificado de que uma determinada quantidade de material tem origem pós-consumo e foi realmente coletada, triada, reciclada e teve a destinação correta”, esclarece ele.

Thiago explica ainda que é o Certificado de Reciclagem que comprova para o governo que a compensação do passivo ambiental foi feita. Uma outra solução desenvolvida pela empresa é o selo eureciclo. Ele entra nas embalagens dos produtos das empresas de bens de consumo que querem mostrar para o consumidor que são marcas sustentáveis e agem de acordo com a legislação.

A empresa, que atualmente atua no Brasil e no Chile, tem planos de crescimento tanto nacionalmente como em toda a América Latina. “A taxa atual de reciclagem está entre 2% e 7% e a meta é 22% para todas as empresas de bens de consumo”, conta Thiago. Como políticas similares de resíduos sólidos foram expandidas para toda a América Latina, o mercado é muito grande e o negócio tem muito espaço para crescer, não só em relação à abrangência de um território maior, mas também em materiais e em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. “Esperamos ter um crescimento bem forte e acelerado nos próximos anos ”, diz.

Quando nos conhecemos

A Grão investiu na eureciclo bem no início da empresa, quando ainda estava no estágio Seed. “Significa muita coisa receber um primeiro investimento de um fundo externo. É a validação do seu modelo”, explica Thiago. Na época, eles conseguiram alavancar a força de vendas e puderam investir em mais times, em inteligência e em marketing.Ele diz ainda que o capital ajudou o negócio a deixar de ser um projeto e passar a ser uma empresa. Mas ele conta que o que a Grão trouxe de mais importante foi o smart money, o capital intangível. “A contribuição da Grão em termos de experiência por meio dos conselhos, do coaching e das conexões foi muito importante até para a nossa próxima rodada de investimentos, que foi uma série A”, diz Thiago Carvalho Pinto.